Acampar no Pantanal, uma experiência inesquecível

Acampar no Pantanal, uma experiência inesquecível

Um lugar cheio de jacarés, onças, cobras, florestas, mesmo assim acampei no Pantanal. E foi uma das experiências mais incríveis. Neste post vamos percorrer as maravilhas, delícias e curiosidades destas terras, que, certamente, são motivos de muito orgulho (e de preocupação de preservação) de todos que amam a natureza e uma boa aventura e, claro, falar dessa vivência de acampar e dar dicas de como curtir esse paraíso. Um dos momentos mais esperados da Expedição América do Sul. Bora Reviramundo.

O que você vai ver aqui

Tuiuiú ave-símbolo do Pantanal
Tuiuiú ave-símbolo do Pantanal

Nesse post, mais do que falar sobre acampar, vamos mostrar coisas muito loucas que acontecem no Pantanal Matogrossense, coisas como o caminhar da onça pintada, a multidão de capivaras e jacarés, a luta entre a serpente e os gaviões, as graciosas ariranhas, o tuiuiú almoçando uma cobra viva, dentre as várias cenas pantaneiras, algumas clichês, pois ninguém é de ferro e outras totalmente inusitadas, como as que mencionadas aqui:

Clique na imagem e saiba mais…

Antes de tudo, o que é o Pantanal

O Pantanal é um dos destinos mais impressionantes do planeta, pelas suas biodiversidades e por ser um bioma que se relaciona com outros três muito importantes para o meio ambiente, que são a Mata Atlântica, o Cerrado e a Amazônia.

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Pantanal Mato-grossense, como é oficialmente denominado, ocupa uma área de mais de 150.000 Km2, é uma das maiores áreas alagadas do mundo, habitat natural de diversas espécies de peixes, pássaros, répteis, insetos, mamíferos.

Pantanal Matogrossense
Pantanal Matogrossense

Composto de uma rica vegetação, bastante diversificada que se equilibra (ou tenta se equilibrar) com a fauna local e com o clima bastante peculiar da região. Nele se desenvolveu civilizações indígenas e o homem pantaneiro, consequência das miscigenações de índios, negros e colonizadores.

Na região pantaneira está o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, administrado pelo ICM Bio, com 135.000 m2 de área.

O Pantanal é considerado Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural Mundial pela UNESCO.

Onde é o Pantanal

O Pantanal está localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, alcançando regiões do Paraguai e da Bolívia. Ele alcanças as cidades de Cáceres, Poconé, Barão de Melgaço, Paraguai, Paiaguás, Nhecolândia, Abobral, Aquidauana, Miranda, Nabileque e Porto Murtinho.

O clima pantaneiro

Basicamente o clima no Pantanal se divide em duas épocas bem distintas, o período chuvoso que vai de outubro a março e o período de seca que vai de abril a setembro. A temperatura é quente durante todo ano, variando entre a mínima de 16 graus no inverno e 33 graus no verão. Se você pretende acampar no Pantanal, tenha bem claro em mente o período de estiagem, pois na época das chuvas é praticamente inviável.

A fauna do Pantanal

O Pantanal tem uma fauna bastante diversificada, com inúmeras espécies de aves, mámiferos, répteis e peixes, com destaque para a celibridade da região que é a onça-pintada. Também chamam a atenção os jacarés, cobras, capivaras, araras, tuiuiú, ave-símbolo do Pantanal.

Embora fontes internacionais tenham outros indicadores, segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Pantanal tem:

  • 63 espécies de peixes,
  • 41 espécies de anfíbios,
  • 113 espécies de répteis,
  • 463 espécies de aves e
  • 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas.

As coisas mais incríveis de acampar no Pantanal

Conhecer e conviver dentre tantas coisas sensacionais e optar por apenas algumas não é uma tarefa fácil. As pessoas têm uma relação bastante emocional com cada uma das suas experiências, o que pode influenciar qualquer análise. Então, vamos lá:

A Rodovia Transpantaneira

Sem dúvida, a Rodovia Transpantaneira uma das rodovias mais icônicas do Brasil. É uma estrada de terra, predominantemente reta, que liga a cidade de Poconé a Porto Jofre, um pequeno vilarejo às margens do Rio São Lourenço que divide Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No seu percurso de 147 Km tem mais de 100 pontes, por isso pra quem gosta de dirigir e aproveitar o máximo dessa experiência, sugere-se que durma em Poconé e de lá pegue a Transpantaneira de manhã, para ir parando, vendo a floresta os animais, os passáros. É muito comum haver bandos de jacarés e capivaras na estrada.

A onça pintada

Um dos animais símbolos do Brasil e do Pantanal, obviamente, ela é o maior felino das Américas. Amada por todos e odiadas pelos fazendeiros que invadiram seu habitat e se sentem ameaçados por ela, eventualmente, caçar um boi, que foi colocado lá no quintal dela. Nossa experiência em ver esse lindíssimo animal, foi pegando um barco em Porto Jofre e descendo o rio São Lourenço para as regiões que costuma frequentar, em geral para caçar. Tivemos a felicidade de encontrá-la às margens do rio.

O almoço do tuiuiú

O tuiuiú é ave-símbolo do Pantanal, ele está espalhado por todos os lugares, mas dá preferências aos banhados e margens do rios. Também é muito comum ficar em topo de galhos de árvores, preferivelmente sem folhas. É uma ave belíssima. Quando estivemos navegando o Rio São Lourenço, de repente um tuiuú pega uma cobra com seu bico enorme e começa a chacoalhar a cobra pra todos os lados, em seguida a joga para cima e simplesmente a engole. Alí bem na nossa frente. Algo assustador, mas um belíssimo espetáculo da natureza em toda a sua pureza.

A maior lua do céu

A lua pantaneira é uma das coisas mais espetaculares que se pode ver no Pantanal, ela surge no horizonte, dando a impressão que brota do chão. É enorme e parece ser possível tocá-la.

A lua mais linda da terra no Pantanal
A lua mais linda da terra no Pantanal

A caçada dos carcarás

Dirigindo pela Rodovia Transpantaneira, de longe avistamos algo na estrada, grande. Ao nos aproximarmos, percebemos que tinha uma cobra e logo em seguida vimos dois gaviões tentando matá-la. Paramos a caminhonete para observar, os gaviões voaram para a ponta mais alta de uma árvore imensa na beira da estrada e de lá observavam a cobra. Ecostamos perto dela para espantá-la para ela ir para o meio do mato e sair da estrada, pois ou seria comida pelos carcarás ou atropelada. Ela amedrontada, levantava a cabeça assustadoramente, mas repentinamente saiu em disparada para a selva. Nesse dia, o menu dos carcarás foi outro.

A fuga das capivaras

As capivaras estão por todos os lados. Na estrada, nos rios, nos banhados. Andam sempre em grupo. No dia que vimos a onça pintada, ela estava caçando. Foi possível ver a onça, nitidamente, farejar as capivaras. Do barco tinha uma visão panorâmica da onça indo em direção a elas. As capivaras pareciam não se importante, de repente, quando a onça se aproximou mais, todas as capivaras se atiraram ao rio para não ser o almoço daquele dia. Mais um incrível cena do Pantanal.

A hospitalidade pantaneira

O pantaneiro, assim como todo o povo matogrossense, é bastante hospitaleiro e simpático. Tem orgulho da sua terra e se entusiasma e contar histórias e causos, que enriquecem o conhecimento e nos enche de nostalgia. Além disso, os pantaneiros tem profundo conhecimento da região, sabem como lidar com o seu escossistema e entendem como funciona a natureza.

A pesca do pacu

Confesso que não sou entusiasmado com a pesca. Primeiro por que não tenho habilidade nenhuma como pescador e segundo, e mais importante, tenho muita dó do peixe. No entanto, ha muitas pessoas que curtem uma pescaria, sendo o Pantanal um dos lugares preferidos para isso. Mas se você gosta de pescar fique atento às regras de tamanho, peso e quantidade de peixes permitidas. E mesmo que, eventualmente, não tenha fiscalização, procure ficar dentro das normas para garantir o equilíbrio do ecossistema e do bioma pantaneiro.

Jacaré pra todo “lago”

Os jacarés do Pantanal já esteve próximo de extinção devido a caça predatória e desequilíbrio do seu habitat. Ele agora é uma espécie recuperada e que tem um papel fundamental no equilíbrio das populações de espécieis pantaneiras. São animais agressivos, pouco sociais e que estão espalhados por todas as parte, mais um motivo para ficar esperto na hora de acampar.

Navegando nos rios do Pantanal

Uma das coisas mais legais do Pantanal é percorrer os rios. Eo Pantanal é cheio deles, como o São Lourenço em Porto Jofre, Cuiabá, Piquiri, Paraguai, Aquidauana, Taquari, Miranda dentre outros. Os rios na grande maioria são habitados por jacarés, o que, obviamente, pode inviabilizar nadar e mergulhar sem ter conhecimento prévio dos lugares apropriados. Além dos jacarés, também é o lar de sucuris, ariranhas, tartarugas diversos peixes, como o pintado, dourado e o pacu.

Um festival de ariranhas

As ariranhas também são “figurinhas carimbadas” da fauna pantaneira. Com hábitos de viver em grupo, gostam de ficar nas margens dos rios e são exímias nadadoras. São graciosas, mas nada sociável.

Ariranhas deixando a água no Rio São Lourenço
Ariranhas deixando a água no Rio São Lourenço

As aves de todas cores

O Patanal concentra a maior diversidade de aves brasileiras. O Ministério do Meio Ambiente cataloga 463 espécie de aves. Outras fontes, como o wikiaves e o wikipedia, por exemplo, consideram que das 1.800 epécies de aves brasileiras, 650 estão no Pantanal, representando, portanto, mais de 1/3 de todas as nossas aves. E elas realmente enfeitam toda a região pantaneiras, com suas lindas cores, espalhando os mais diversos sons, fazendo do pantanal uma constante orquestra da natureza.

Onde dormir

Ao longo da Rodovia Transpantaneira – há vários tipos de pousadas para todos os gostos e bolsos. Nós acampamos nos fundos da Pousada Jaguar Ecological Reserve, que é um espécie de fazenda na beira da Transpantaneira. Armamos a barraca aos fundo, ja em direção da selva, ao lado de árvores gigantescas e repletas de araras. Foi uma experiência bastante emocionante, pois os pantaneiros das fazendas próximas que estavam por ali, contavam inúmeras histórias de onças, jacarés e outros bichos que habitam a região e bem próximo de onde estaríamos com nossa barraca. Curiosamente o único animal que apareceu foi um gato, que dividiu a parte de cima da barraca.

Poconé – a cidade é bem pequena, com poucos atratativos e alguma oferta de pousadas mais simples, o que não significa que sejam baratas.

Porto Jofre – tem um hotel com até pista de pouso para pequenos aviões. Há também oferta de pousadas e camping próximo ao Rio São Lourenço que pode ser uma opção

Como chegar

Chegamos ao Pantanal, depois de ter cruzado toda a América entrando no Brasil pelo Peru, vindo da Chapada dos Guimarães , entrando em Cuiabá. O caminho é bem tranquilo, a partir da capital matogrossense, pega a MT-070, depois a MT-060, que é a Rodovia Transpantaneira. Ela é muito boa, asfaltada e sinalizada até Poconé. Dalí em diante são 147 Km de terra, muitas pontes de madeira e bastante poeira.

Quanto custa

Abaixo um tabela com os nossos gastos no Pantanal, a melhor definição é que no Pantanal tudo é caro. Como tem muitos estrangeiros visitando, ha uma tendência natural de preços acima da média. Nossos valores são bem econômicos, pois era nossa condição orçamentária.

DescriçãoClassificaçãoTipoUS$
Camping Rodovia TranspantaneiraHospedagem Acampamento 31.15 / noite
Cerveja PoconéEntretenimentoHappy Hour2.00 garrafa
Jantar PoconéAlimentaçãoRefeição36.45 p/ 2 pessoas
Passeio Rio São Lurenço, Porto JofreEntretenimentoAtração Turística93.46
Diesel PoconéCarroCombustível1,30/litto
Pedágio Transpantaneira-PoconéCarroTaxas1.28
Pedágio Transpantaneira-PoconéCarroTaxas1.28
Tabela de controle de gastos

E pra quem está de carro

As rodovias são muito boas até Poconé, depois a Transpantaneira é de terra, mas com boa dirigibilidade. Com bastante poeira e alguns buracos, exige atenção ao percorrê-la. É mais recomendável jeep ou caminhonete, mas com alguns cuidados, é possível ir de carro comum, mas não é muito normal ve-los na Transpantaneira, que aliás, não tinha posto depois de Poconé. Então é fundamental abastacer em Poconé.

Uma das muitas pontes do Panatanal
Uma das muitas pontes do Panatanal

E o que você tem que ficar esperto…

Escolher as coisas que você tem que ficar esperto é tão complicado, quanto indicar as melhores, pelos mesmos motivos. A ideia, muito mais que uma crítica é uma forma de alerta para as pessoasse prepararem melhor e desfrutar intensamente cada experiência:

  • os preços são salgados;
  • jamais, em hipótese alguma, toque ou se aproxime dos animais nem os alimente;
  • não entre na selva sozinho;
  • GPS as vezes se perde e a internet praticamente não pega
  • se liga nas questões e regras de preservação;
  • nem pense em entrar no rio se não conhecer ou tiver com alguem que conheça.

O que você achou do Pantanal? Já tinha ouvido falar? Que tal colocar no seu roteiro na próxima viagem?

Até a próxima. Reviramundo!

Por do sol do Patanal
Por do sol do Patanal

Reginaldo Costa

Meu nome é Reginaldo de Almeida Costa (meus amigos e familiares me chamam de Tecko), sou Executivo de Recursos Humanos, autor do livro “Resenhas de Caminhonete”, amante de leitura, cultura, artes, esportes, entusiasta da defesa do meio ambiente, populações indígenas e povos originários, defensor da causa animal e também pirado em viagens. Acredito fortemente que o ser humano é capaz de coisas incríveis. Me considero um lutador por um mundo melhor, sou praticante de esportes, razoável jogador de futebol, aprendiz de cozinheiro, péssimo dançarino. Dispenso videogames, mas respeito quem gosta. Tenho um currículo invejável como excelente jogador de bolinha de gude, melhor construtor de pipas, radical piloto de carrinhos de rolemã, fanático por sorvete de massa (aquele das abelhas), que evoluiu aceleradamente para skatista amador. Sou poeta de whatsapp, cartunista de guardanapos, fazedor de risoto, escritor noturno e “bloguista”. Considero que viver a vida ainda é o melhor jeito de ser feliz! Muito prazer!

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