Os Sentidos da Liderança na Expedição América do Sul

Os Sentidos da Liderança na Expedição América do Sul

Os Sentidos da Lideranças nunca estiveram tão presentes, quanto na Expedição América do Sul, onde aprendemos de perto e reafirmar, na prática, sobre como os nossos sentidos são vitais para sobrevivência e alcance dos nossos objetivos. Durante o período percorrendo o continente, me deparei com inúmeras situações e desafios, onde todas as capacidades sensoriais foram requeridas em maior ou menor grau, o que me fez traçar um paralelo com os papeis e atributos da liderança e compartilhar nesse artigo. A harmonia entre os nossos sentidos é que nos fazem essencialmente humanos.

Numa organização, como são as empresas em geral, mesmo as consideradas flexíveis, desde as startups até as tradicionais, de alguma forma há uma estrutura de poder, autonomia e influência estabelecida, mais ou menos clara, variando de uma organização para outra e conforme seus aspectos culturais, mas a prática da liderança, de um jeito ou de outro, estará escorada no “ambiente” organizacional.

O líder, ou o chefe, normalmente, terá um respaldo do sistema organizacional para exercer sua liderança, ou sua chefia. No contexto do nosso projeto nada disso existia. A causa era só nossa! As pessoas poderiam não ter o menor entusiasmo com nosso propósito, portanto não havia nenhuma razão para elas cooperarem conosco ou colaborarem com os nossos objetivos. Nessas circunstâncias, o exercício da liderança pode ser muito diferente, sem nenhum juízo de valor, como ser fácil ou difícil, melhor ou pior, mas, seguramente, bastante desafiador. E como despertar o interesse e o apoio das pessoas, sem elas terem qualquer vínculo com os ideiais do projeto ou contrapartida pela sua cooperação? Alguns importantes aspectos sobre o sistema sensorial da liderança tiveram que ser aprendidos.

O sistema sensorial humano e a liderança

O sistema sensorial humano é formado pelos cinco sentidos que nos permitem a vida em sua plenitude, alguns teóricos questionam esses cinco sentidos. Dizem, na verdade esses complementam outros sentidos, portanto, sendo acima de cinco, mas essa é uma discussão sem eco na nossa abordagem, pois não somos especialistas nisso, portanto, vamos nos fixar nas teses geralmente aceitas e tradicionalmente em vigor.

Seis sentidos?

Optamos em abordar “seis sentidos” da liderança e logo essa dicotomia será esclarecida. Para nossa expedição, em vários momentos fomos obrigados a exercer habilidades de liderança. É comum os experts no tema de liderança afirmar que, para conduzir as organizações, existe uma diferença crucial entre ser líder e ser chefe. E em linhas gerais predomina uma maior simpatia em relação ao líder em detrimento do chefe. Aqui também, não pretendo tomar partido, pois essa discussão no contexto do nosso projeto, e nesse momento, é irrelevante. O fato é, no meu entendimento e independente da questão semântica ou conceitual, o papel do líder é conduzir e inspirar pessoas a agirem conforme determinados princípios e propósitos para alcançar resultados que atendam objetivos maiores do que elas individualmente e causas que gerem valor coletivamente. Então vamos analisar como o sistema sensorial humano permite capacidades e competências vitais ao papel do líder.

A Visão

É o sistema neural que permite aos olhos captar as luzes, filtrá-la e levar ao cérebro. Este faz o processamento, transformando o que foi captado em imagens para interpretá-las como informação e conhecimento necessários aos interesses de cada pessoa. Nos permite entender o entorno, delimitar nosso espaço, detectar ameaças e identificar oportunidades.

O que a visão nos proporciona

Nos oferece os formatos das flores e as nuances das cores, a intensidade da luz e a escuridão das sombras, ver o sol de dia e a lua de noite, contar as estrelas ou perceber as nuvens, estimar as chuvas ou estiagens; conhecer um sorriso sincero do amigo, a gargalhada espalhafatosa do escandaloso ou riso amarelo do falso, apreciar um rosto alegre ou se intimidar com um semblante enfezado, apreciar um belo prato ou uma linda joia, entender as boas insinuações da pessoa amada ou as más-intenções do malicioso, ver os movimentos de um potencial agressor ou da talentosa dançarina, admirar as rugas dos velhos e as bochechas lisinhas dos bebês.

A visão humana é impressionante, bela e limitada, por isso ampliamos nosso campo de percepção, conhecemos novos problemas e desenvolvemos novas soluções, pois se enxerga as células, as moléculas, os átomos as substâncias. Se vê o espaço sideral e aquela galáxia que está a bilhões de anos-luz, mas que aparece na palma da mão. Que maravilhoso é esse sentido!

Como a visão se manifesta nos Sentidos da Liderança

 Na liderança, a percepção deve ser ampliada, geralmente sem nenhuma tecnologia para isso, mas com a sensibilidade e o do conhecimento líder. A ele cabe enxergar as necessidades humanas, as reações, os problemas a serem resolvidos, as soluções a serem implementadas, os resultados a serem alcançados. Não basta ver com os olhos, mas sim “enxergar” com o coração à luz da razão.

O líder, com esse senso desenvolvido, enxerga muito além do óbvio, antevê o futuro, constrói cenários do que acontecerá amanhã, é preciso na sua forma de ver as coisas e compartilhar com exatidão e clareza. Sua visão é persuasiva e convincente para engajar as pessoas em uma jornada para alcançá-la. Permite ao líder ver o longe, mas é bastante precisa para o que está perto, ela habilita a ler além das entrelinhas, enxergar mais profundo e além da ponta do iceberg, para compreender sentimentos, emoções, comportamentos, atitudes e para provocá-los positivamente, segundo seus objetivos. Possibilita uma liderança inspiradora, transformadora e realizadora, atenuando ou mitigando as possíveis debilidades e extraindo o melhor de cada um. 

Não estou considerando despertar as pessoas para ação mediante recompensas extrínsecas, como premiações ou retorno monetário, como é o caso do pagamento em dinheiro ou alguma contrapartida material, tão comum às organizações, pois essa forma é uma relação empregatícia ou de compra e venda. Não nos referimos a transação comercial, mas sim o engajamento espontâneo em uma determinada causa, via recompensas intrínsecas, intangíveis, e, em algumas situações, muito poderosas, dependendo do quanto a liderança deseja e consegue impactar e transformar.

 A Audição

É o sentido captador das vibrações no ambiente, transformadas em ondas sonoras e, consequentemente em sons decodificados pelo cérebro e utilizados como dados, informações e conhecimento. Com esse sistema sensorial, podemos avaliar o ambiente e o senso de espaço e distância, por isso a razão de dois ouvidos. Dimensionamos possíveis ameaças e detectamos as alternativas mais seguras. Por ele, temos poder para sentir as cordas eruditas dos pianos e envolvente das guitarras, ouvir o choro emocionado do pai e / ou da mãe ao escutar o primeiro choro de seu bebê, ou os soluços dos amores desfeitos ou o choro pela medalha, diploma ou reconhecimento conquistados. Podemos perceber o ranger das portas e o uivo do vento competindo com o lobo, o latir do cão fiel ou o miado do gato manhoso. Entendemos as explicações de derivadas, integrais e logaritmos.

Lebre de Urubici

Audição nos diz tudo

Compreendemos o tom severo ou o irônico, o chinelo arrastando, o veículo em alta velocidade, as palmas e as vaias, os pássaros e os aviões, os barcos e as ondas. O ser humano não tem o melhor sistema auditivo do reino animal, mas através dele pode desenvolver tecnologias para amplificar e ter acessos até aos sons das galáxias mais distantes, a ponto de ouvir o som da própria criação do universo. A audição vai nos guiando por todos os momentos e caminhos da nossa existência. Por outro lado, eventualmente temos dificuldade de escutar quem está ao nosso lado, nos falta habilidade para ouvir, entender, compreender, aprender e ajudar. Na maior parte, não por maldade ou insensibilidade, mas por não saber como fazer.

Ouvir requer se livrar de julgamentos apressados e, principalmente, de todos os preconceitos. Diferente da visão que basta fechar os olhos para não ver, a escuta é involuntária, querendo ou não, o som está presente. Dá para simplesmente tapar os ouvidos, mas raramente se consegue isolar totalmente. Tom de voz, intensidade, timbre, volume etc. são características da voz e terminologias, jargões, estilos, nível de sofisticação, profundidade, conteúdo etc. são características da comunicação empregada na voz. Todos esses pontos são definidos pelo estilo de vida da pessoa, suas crenças, opções, tipo físico, dentre outros aspectos típico e inerentes ao ser humano. Quem ouve, deve considerar esses pontos apenas como parte da formação do conteúdo e da informação, mas sem se guiar por suas próprias opções e preferência para evitar que seus julgamentos pessoais apressem e distorçam o que outro quer dizer.

A audição e os sentidos da liderança

 A capacidade de ouvir faz o líder ser quem é, quanto melhor for essa habilidade, maior será sua força cognitiva e motivadora, sua destreza em entender e intervir no seu entorno, desenvolvendo a escuta ativa. Por ela, ele consegue analisar o estado emocional das pessoas, captar, triar e utilizar as informações eficientemente, buscando o entendimento coletivo, entendendo as divergências para a busca da convergência. Ouvir, para o líder, é um dos principais elementos de comunicação, por sua vez, exerce fator fundamental para o desenvolvimento e aplicação das habilidades e responsabilidades de liderança. Aquele que escuta relatórios, gráficos e indicadores, que, obviamente, também são importantes, será um gestor altamente eficiente, mas, em paralelo, deverá aprender a “ouvir” o que está por trás, ou além, dessas ferramentas para poder fazer as melhores escolhas e conduzir as pessoas aos objetivos mais relevantes.

A efetividade de saber ouvir pressupõe ter disposição para escutar a todos, jovens, velhos, amigos, desafetos, conhecidos e desconhecidos etc., quanto maior for o leque de fontes de audição e tão longe ela alcançar, mais preparadas as pessoas estarão para enfrentar os seus desafios, por isso, o líder tendo essa competência desenvolvida, mais elementos terá para persuadir e formar seguidores para sua causa.

 O líder que se sente bem em ouvir, obtém um dos maiores desejos das pessoas: falar, informar, comunicar. Claro, nem sempre elas conseguem isso com qualidade, por isso a importância de se dedicar a esse sistema sensorial. Há prazer em ter certeza de estarmos sendo ouvidos e que existe esforço em nos entender, mesmo quando estamos desapontados. O simples gesto de nos escutar ameniza a tensão. Em muitas situações é apenas isso, queremos ser ouvidos. O bom líder sabe conciliar a razão e a emoção no ato de ouvir, para daí formar sua opinião. Aquela que não ofende, não machuca, por tão dura quanto possa ser. A opinião que não exagera e não cria fantasias, por mais doce que seja. É uma das formas mais adequadas para alcançar o equilíbrio e, consequentemente, os objetivos.

 O Olfato

Muitos seres da natureza se guiam basicamente pelo olfato, inclusive para farejar a presa, fugir do predador, para o ritual de acasalamento, ou o filhote em busca da mãe. Quando comparado a outros animais, o ser humano, não tem o melhor sistema olfativo, pois para nós, ele tem um alcance bastante limitado. É um sistema muito importante, vital, pois através dele podemos detectar e interpretar coisas boas ou ruins, identificando o que nos faz bem ou nos afastando do que poderia nos fazer mal.

Animais do Pantanal Matrogrossense

Que cheiro é esse?

 Através do cheiro, experimentamos sensações prazerosas ou nos causam náuseas. É por onde sentimos os perfumes das flores e da mulher amada; do prato saboroso ou do remédio amargo. O aroma do café, do vinho, do pão quentinho, mas também da fumaça dos veículos, da poluição dos rios ou dejetos humanos. O bom cheiro nos remete ao bom, saudável e limpo; o contrário nos faz acreditar que algo é ruim, impuro e sujo. Mas não é uma certeza absoluta, por isso desenvolver esse senso pode ajudar muito ao ser humano viver o melhor possível.

 Na liderança, esse sistema neural é atribuído no sentido figurado. De forma análoga, é claro, é sua capacidade analisar dados, entender e interpretá-los. A maioria de nós já ouviu ou disse “isso não está me cheirando bem”, “ele tem faro pra negócios” ou, “isso tá com cheiro de coisa boa”. Significa a sensibilidade para se relacionar com o meio, perceber as nuances do seu ecossistema, ler os sinais. Ter um “bom nariz”, permite conhecer os comportamentos e atitudes, para saber onde se envolver (“meter o nariz”) e intervir. Dessa forma, o líder conduz seus liderados, pois confiam mais no “faro” da liderança que no próprio “olfato”.

 O Paladar

Gastronomia Sulamericana

 É o sentido altamente ligado ao prazer e a necessidade física, pois é por onde o ser humano se alimenta, mata sua fome e sacia sua sede, fazendo todo seu sistema biológico funcionar nas melhores condições possíveis, garantindo saúde e longevidade, provendo qualidade de vida e energia suficiente para todas suas atividades. O paladar é ativado pelas glândulas gustativas e permite sentir os gostos, o amargo, o doce, o salgado e o azedo. Através dele, provamos as comidas que saciam, saboreamos os vinhos e suas notas, ingerimos os remédios que curam, comemos as suculentas frutas, provamos as deliciosas sobremesas.

O paladar como um dos sentidos da liderança

No contexto da liderança, o senso assume figuras de linguagem e formas de expressão para incrementar a comunicação e favorecer o exercício de liderar. Seguramente ouvimos dizer sobre “provar um remédio amargo”, quando alguma medida impopular precisa ser tomada, e irá causar desconforto e até insatisfação para alguns, mas será o melhor para o todo.

Em outros momentos há “o gosto amargo da derrota”, situações com desfavorecimento, não conseguimos superar um desafio, vencer a concorrência, não alcançamos a meta, ou até mesmo pode-se experimentar prejuízos. Há o “engolir sapo”, quando devemos aceitar algo, mesmo não concordando, mas sem reagir. Somos obrigados a viver determinada situação diferente de como a gente esperava. Ou aquela situação onde alguém está “azedo”, pois “não digeriu bem” alguma coisa que aconteceu, a pessoa não recebeu bem determinada condição. Ou alguém pagou um preço “muito salgado” para alcançar determinado objetivo, significando, nesse caso, bastante sacrifício. Há também, o lado positivo quando algo é “o manjar dos deuses”, pois é excelente, traz prazer e satisfação, ou sentir o “doce sabor da vitória”.

Ao líder cabe entender todas as situações para acentuar o bem e eliminar ou amenizar o mal para o “paladar” das organizações e seus liderados. Em algumas situações o próprio líder é o responsável por esses “paladares”, para o bem de todos, em outra por não ter exercido os demais sentidos para exercer sua liderança.

O Tato

É formado pela pele e está em todo o copo humano, é um dos integrantes do Sistema Sensorial, formado por terminações nervosas e permitem as sensibilidades a toques leves, tátil e de pressão, frio, calor, estímulos vibratórios, sensibilidade a estímulos mecânicos, térmicos e dolorosos. Essas terminações nervosas funcionam como sensores e receptores, transmitem as informações ao cérebro. Funciona como “os olhos” para pessoas com deficiência visual, pois pelo toque conseguem se locomover e entender o ambiente.

Ruta 3 a estrada do fim do mundo
Galerinha de Piguins “desfrutando” a época de acasalamento

 Com o tato sentimos a brisa da manhã, o rigor do inverno, o mormaço do verão, percebemos a febre, a dor, a coceiras e vários outros alertas naturais do nosso corpo. Por ele, sentimos o abraço caloroso, o aperto de mão diplomático, o afago generoso e tantos estímulos que nos trazem paz, tranquilidade, prazer e felicidade. Nosso corpo é estimulado de acordo com essas sensações, em geral tendo o toque como ponto de partida, captando todas as vibrações, nos energizam, impulsionam e nos motivam a seguir, todos os dias.

O tato nos diz muito sobre nós mesmos e sobre o líder

 Nas relações sociais, ele funciona como sentido figurado para agir com sensibilidade, educação, cortesia. É um dos sentidos mais importantes da liderança, pois ter tato significa como contornar situações adversas, desfavoráveis ou inesperada. É saber considerar todas as pessoas com gentileza, respeito e serenidade nas diversas situações. Manter a calma e a paciência, incluindo situação que nos obrigue a dar mensagens indigestas. É saber como amenizar a dor, atenuar sofrimentos e mitigar as angústias e ansiedades, saber lidar com expectativas e frustrações. Nos momentos difíceis, as pessoas esperam manifestações “tato”, sensibilidade, carinho e acolhimento.

Ser líder é saber quando agir em cada uma dessas necessidades. É evitar ferir suscetibilidades, magoar, constranger, envergonhar. Saber conciliar as divergências e conviver com as diferenças, integrando as pessoas para extrair máximo que possam oferecer. Ao líder cabe ter o jeito certo, principalmente na hora de dizer “não”, ou tomar medidas impessoais e impopulares. Saber como lidar com a dor e com a decepção, para reverter o processo desagradável em energia positiva para prosseguir. O líder o tem, sabe como conciliar interesses, lidar com ideologias, desestimular preconceitos e eliminar vieses, é inclusivo e faz todos se sentirem importantes e valorizados, não importando qual seja a forma de ser de cada um.

O Extra-sensorial

Eis aqui o Sexto Sentido da liderança. O Sistema Sensorial é reconhecido cientificamente como sendo composto de cinco sentidos, visão, audição, olfato, paladar e tato. O sexto é o “extra-sensorial”, não é formalmente reconhecido como integrante do sistema “oficial”. Nas mulheres, costuma-se chamar de “intuição feminina”; ou intuição apenas, de uma forma geral, para todas as pessoas. Ele configura o poder de antever fatos, pressentir situações, o chamado “feeling”.

Que impressão foi essa…

Em milésimos de segundos somos capazes de intuir sobre ir ou não ir adiante, confiar ou não em alguém, acreditar se algo vai dar certo ou vai dar errado. Como se uma voz interna sussurrasse nos nossos ouvidos, nos aconselhando a prosseguir ou retroceder. Em alguns casos pode ser confundido com superstição, mas frequentemente, é um sentimento que oferece certezas a partir de mínimas impressões e nada tem a ver com pré-julgamentos ou pré-conceitos, pois é instantâneo, acontece sem nenhuma preparação. Em geral a intuição parece acertar, mas também pode errar, por isso, a necessidade dos outros sentidos estarem muito bem apurados. Já existem estudos científicos tentando provar que a intuição é de fato um sentido.

Alguns atribuem a intuição a alguma forma de mediunidade, mensagens de vidas passadas, ou intervenção dos espíritos; outros o anjo da guarda sopra em nossos ouvidos; ou, Deus interferiu diretamente em nosso favor, uma forma de fé; uns que trata-se de mera coincidência. Pode não ser nada disso ou pode ser tudo isso junto. Utilizamos apenas 5% da nossa capacidade mental, portanto tem 95% totalmente inexplorada.

É verdade, há relatos de alguém perceber que não deveria viajar naquela manhã e ocorre um deslizamento de terra na estrada; desistência de entrar em um voo no último segundo e algo acontece com o voo; decidiu não ir trabalhar e o prédio foi atacado; preferiu não sentar em determinado banco e justamente no banco rejeitado acontece algo; ou olhar par uma pessoa e ter uma sensação positiva, sentir uma espécie de energia; ser atraído por um força maior e ter uma experiência muito feliz, sem ter explicação lógica para escolha realizada. Tudo isso pode ser só coincidência, mas parece haver “coincidências” demais nesse campo.

Animais pantaneiros

O sexto sentido na liderança…funciona?

No caso da liderança, o Sexto-sentido parece configurar a potencialização de todos outros sentidos ao mesmo tempo, a experiência e o repertório de memórias acumuladas para conferir ao líder uma certa habilidade premonitória. Sim, existem os estudos de cenários, pesquisas, relatórios, indicadores, softwares que calculam chances, hipóteses e probabilidades, partindo de modelos matemáticos para permitir estabelecer projeções e previsões, que ajudam a tomar decisões com máxima racionalidade dentro do prescrito pelos melhores princípios de gestão. Sim tudo é válido e deve ser utilizado a exaustão, mas estamos indo além de tudo isso. A partir do conjunto de experiências, somados a todas as outras ferramentas, o líder deve levar em conta sim a sua intuição.

Exemplos de intuição no processo seletivo

Exemplos caricatos da intuição está nos processos de seleção, pois o candidato parece ter todos os atributos exigidos pela posição, é um excelente candidato, mas o “sangue” parece não bater com o de quem está selecionando, por mais que os ATS (Applicant Tracking System – Sistema de Rastramento de Candidatos) e os inventários de personalidades, testes de aderência ao cargo, fit cultural, habilidades cognitivas etc., utilizem algoritmos para quebrar vieses, que aliás, é excelente, ainda não tivemos um aprendizado de máquina permitindo avaliar um quesito sobre a intuição de haver harmonia entre duas pessoas para trabalharem juntas.

Da mesma forma, o candidato percebe a vaga como perfeita pra ele, tudo tem aderência, mas alguma coisa lhe diz que não será feliz ali, algo em seu subconsciente está sugerindo para não aceitar, pois algo ou alguém não “bateu com seu sangue”, e quando essas coisas acontecem, é difícil aconselhar alaguem a seguir em frente, pois, inexplicavelmente, há uma forte chance de dar errado. Evidentemente, o contrário também acontece, da pessoa olhar para o candidato e sem sequer ter lhe dado bom dia, já se tem a convicção de que aquela pessoa será a escolhida. Do lado do candidato se passa o mesmo, antes mesmo de falar com alguém ele/a tem a certeza de ser o aprovado.

Evidentemente, nem de longe me passa pela cabeça desconsiderar as ferramentas de seleção, pois são extremamente eficientes para detectar os talentos, mas a ideia aqui é evidenciar o fato de não termos, ainda, nenhum mecanismo ou tecnologia preciso em relação a intuição, basicamente ela é um sentimento, ocasionalmente, sem nenhuma relação lógica, mas existe. Esse é só um exemplo, mas existem inúmeros outros no cotidiano das pessoas e, particularmente, no das organizações. Basta lembrar o conceito de que organização é um conjunto de pessoas; e se tem gente “intuições” estarão presentes.

Assim como o líder deve se valer da sua habilidade intuitiva, as pessoas usam do seu nível extra-sensorial para seguir, ou não, determinado líder. Por alguma razão, sem saber explicar, elas apostam “com ele ou ela, vai dar certo”. Muitos seguidores são levados pela intuição de que a direção indicada pelo líder é a opção adequada, a confiança conquista seu engajamento.

O que se espera do líder

É esperado do líder, normalmente, alguns atributos para alimentar essas intuições e, geralmente, se deve ao histórico de exercer os cinco outros sentidos com efetividade. Ele deve utilizar, possivelmente sem nem perceber, todas as informações encaminhadas, pelos outros sentidos, para o cérebro, que acumulou um precioso repertório de conhecimentos, suficientes para emanar sensações em formas de intuição, para fazer escolhas acertadas e convencer seus liderados a segui-las.

Nos líderes prevalece o entendimento do raciocínio lógico, baseado em dados e fatos para tomada de decisão, mas o seu grau de sensitividade pode e deve ser aplicado quando as circunstâncias pedirem. É conquistar a fé das pessoas, que significa atrelar as emoções aos objetivos. É quando as pessoas abraçam causas e são movidas pelo coração, pois “algo” interior muito forte lhes dão a certeza que vai dar certo. Quando a intuição do líder se soma às intuições das pessoas, uma energia poderosa conduz o grupo ou a organização a superar desafios impressionantes e obter conquistas incríveis. Uma equipe vencedora parte da fé inabalável no sucesso, pois dentro de cada integrante a vitória está esculpida, mas cabe ao líder despertar essas intuições, por meio dos seus sentidos e do seu próprio sistema extra-sensorial.

Os sentidos da liderança na Expedição América do Sul

Na Expedição América do Sul, dar atenção ao que vinha do nosso íntimo, ao que falavam nossa consciência e o coração, foi bastante valioso ao nos relacionarmos com as pessoas, com os lugares e, principalmente, com a natureza, com seu comportamento imprevisível e desconhecido. Consultar nossas melhores vibrações, de um jeito ou outro, colocava as circunstâncias favoráveis aos nossos objetivos. Do mesmo modo, fizemos ajustes para seguir nosso instinto, motivações vindas do âmago, sem muita explicação, nos guiavam pelas opções apropriadas. Quando a alma fala, a saída é obedecer para, talvez, encontrar o caminho mais curto para o sucesso na carreira e na vida.

Aprendi que para nós, seres humanos investidos dos mais diversos papéis, as lições da Expedição me dizem até hoje: “preste atenção nos seus sentidos, conecte-os às suas capacidades, desenvolva, a partir deles, competências que poderâo levá-lo a um destino melhor. Boa viagem”.

Este é só um pedacinho das inúmeras experiências e lições da Expedição América do Sul…em breve teremos mais dessas “desgustações”. Espero que você goste, se divirta e compartilhe comigo também suas vivências pela linda e emocionante estrada da vida.

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Reginaldo Costa

Meu nome é Reginaldo de Almeida Costa (meus amigos e familiares me chamam de Tecko), sou Executivo de Recursos Humanos, autor do livro “Resenhas de Caminhonete”, amante de leitura, cultura, artes, esportes, entusiasta da defesa do meio ambiente, populações indígenas e povos originários, defensor da causa animal e também pirado em viagens. Acredito fortemente que o ser humano é capaz de coisas incríveis. Me considero um lutador por um mundo melhor, sou praticante de esportes, razoável jogador de futebol, aprendiz de cozinheiro, péssimo dançarino. Dispenso videogames, mas respeito quem gosta. Tenho um currículo invejável como excelente jogador de bolinha de gude, melhor construtor de pipas, radical piloto de carrinhos de rolemã, fanático por sorvete de massa (aquele das abelhas), que evoluiu aceleradamente para skatista amador. Sou poeta de whatsapp, cartunista de guardanapos, fazedor de risoto, escritor noturno e “bloguista”. Considero que viver a vida ainda é o melhor jeito de ser feliz! Muito prazer!

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