Uma razão pra sair pelo mundo…aí vai a nossa
Se alguém quer ou precisa de uma razão pra sair pelo mundo…aí vai a nossa. Ou as nossas!
É importante ter em mente que qualquer atitude disruptiva com a realidade de cada um, vem sempre baseada em motivos. E optar em deixar sua casa, seus amigos, família e costumes e sair pelo mundo em busca de aventuras, conhecimento e descobertas, em geral, está baseado em um conjunto de fatores: pessoais, profissionais, sentimentais, emocionais, pesicológicos etc.
Aqui vão os nossos motivos, talvez sejam parecidos com os seus, mas qualquer que seja a razão, ter a convicção do que se quer é fundamental e a base de tudo…Bora?
Aqui nós veremos:
Um País em Queda Livre
O Brasil atravessava um momento bastante complicado, sob diversas perspectivas: políticas, econômicas, sociais e assim vai. Ao voltar do Chile, reencontramos o país tão tumultuado, quanto a um mês antes de sair de féria. Uma avassaladora crise política tomava conta de tudo, somada a uma opressora realidade econômica, que eliminava empregos, aumentava inflação e deteriorava a qualidade de vida e as relações sociais. Políticos e executivos de altos escalões de grupos empresariais gigantescos eram conduzidos aos bancos dos réus, e hordas de trabalhadores levados para as filas do seguro-desemprego ceifados de suas funções nas empresas, ou mesmo os empreendedores tinha duras perdas em seus empreendimentos, todos gravemente afetados pela conjuntura.
O “de sempre” no cenário político brasileiro
Deputados, senadores, governadores, vereadores e até presidente e ex-presidente da república sendo duramente acusados de corrupção. Buscas, apreensões, conduções coercitivas, provas, áudios e gravações, autorizadas ou não, revelavam negociatas de alcovas, decoradas por cifras milionárias em esquemas criminosos que faziam com que figuras emblemáticas e carismáticas da política e do mundo empresarial caíssem de seus pedestais direto para o lamaçal de escândalos. Os investidores e o capital fugindo para o exterior, dólar aumentando, bolsas desabando; balança comercial desfavorável; a criminalidade subindo e o índice de desenvolvimento humano caindo, o caos instalado. Dava pena, raiva, indignação e medo do Brasil que tanto amamos.
Nessa época, eu era Diretor de Recursos Humanos de uma empresa multinacional, que atua no segmento de operações em solo em aeroportos para a indústria da aviação.
Os impactos no emprego e na economia…
O setor aéreo atravessava um momento bastante delicado e um cenário altamente desafiador com o desaquecimento da economia. Esses impactos levaram as famílias a redefinir suas prioridades e viajar de avião não seria considerada uma delas. Um dos maiores clientes encerrou vários contratos, encolhendo drasticamente os serviços, substituindo ou eliminando operações em pelo menos cinco das maiores unidades, levando a demissão de quase 60% dos funcionários.
Fui o responsável por liderar os processos de desligamentos e apoiar as demais áreas nessa difícil transição. Assumi, com a equipe, exaustivas jornadas de trabalho para implementar soluções para preparar pessoas desligadas a se recolocar no mercado de trabalho, no menor prazo, ou que fossem recontratadas pelas empresas concorrentes que substituiriam a prestação de serviços.
A missão antes de sair pelo mundo
Durante quatro meses, atuamos no encerramento dos contratos, minhas noites de sono, quando este aparecia, eram interrompidas pelas preocupações em como desenvolver e implementar alternativas para ajudar as pessoas que perderiam seus empregos, como apoiar os diversos pais e mães de famílias a manter suas casas, seus filhos, suas condições de vidas, justamente em um momento tão difícil e, particularmente, do setor econômico onde trabalhavam.
Todos os trabalhadores demitidos foram treinados para se recolocar no mercado de trabalho, muitos foram para as empresas que assumiriam a operação. Uma jornada angustiante, dolorosa, mas executada com comprometimento com a empresa, determinação com a execução e carinho pelas pessoas. Um custo emocional forte, mas ao final, assegurou a certeza de termos feito o melhor e ajudado um montão de gente, apesar de todas as adversidades. Missão cumprida e mais que justificada a nossa razão pra sair pelo mundo.
O Epílogo Corporativo e a razão de sair pelo mundo
Nos tribunais da Justiça Brasileira, se desenrolava enredos dramáticos da nossa história, apresentados, ao vivo, pela imprensa e mídias sociais, aos olhos e ouvidos do mundo e aos corações e mentes dos brasileiros. A Presidente da República era submetida ao impeachment, outra vez a história política brasileira estava sendo escrita por mãos enlameadas. No dia 31 de agosto de 2016, após seis dias de sessão e mais de 60 horas de trabalho, o Senado Federal decidiu, por 61 votos a 20, condenar Dilma Rousseff pelo crime de responsabilidade e retirar seu mandato. É cassada a Presidente da República. Segundo presidente na história recente do país a sofrer impeachment.
Coincidências para nossa razão de sair pelo mundo
Um acontecimento inesquecível, não só pela sua relevância histórica, mas também porque nesse mesmo dia, o CEO da empresa onde eu trabalhava, me comunicou que eu não faria mais parte da diretoria e do quadro de funcionários da organização. Uma infeliz coincidência, não só por estar deixando o emprego, mas também por ser no mesmo dia da destituição da presidente, portanto, essas duas coisas têm tudo para serem lembradas frequentemente.
O fato concreto é que, nesse dia da cassação da presidente, fui demitido, embora as razões da minha saída não tenham nenhuma semelhança a da presidente e nada tiveram a ver com a minha conduta pessoal e profissional, mas sim com as questões econômicas e desafios empresariais mencionados antes, fui desligado da empresa. Claro, eu não sabia que estava na lista de demissões, mas era previsível que algumas dessas ações afetariam também o nível executivo. E afetou! Fui alcançado! E, naquele momento, tomei minha decisão: vou realizar meu desejo, vou ficar um período percorrendo a América do Sul.
De onde veio o entusiamo para a nossa razão de sair pelo mundo
Sim, estava sem emprego! Mas cheio de entusiasmo pelo período em que ficaria à mercê das minhas escolhas, certezas e incertezas para viver em condições básicas, simples, mas ricas o suficiente para me proporcionar uma profunda reflexão sobre mim mesmo e o futuro que buscava. Há tempos, refletia sobre o sentido das organizações, os processos produtivos, a interação do homem com a natureza e seus meios de subsistência. E sabia que muitas dessas respostas seriam encontradas no meu roteiro pela América, em contato com os povos originários, as nações andinas e a integração entre as pessoas e o meio ambiente.
O Futuro e a decisão de sair pelo mundo
Havia um sentimento ambíguo pela perda do emprego, como seria o futuro, alternativas de recolocação e a razão pra sair pelo mundo, a intenção de realizar o percurso pela América do Sul. Para tudo que eu pretendia, a forma adequada seria por terra, precisamente de carro. Não bastava ter apenas meio de transporte, precisava também de saúde, tempo, liberdade e certa autonomia dentro do permitido pelo orçamento, aliás esse foi um ponto importante e falaremos dele mais detalhadamente a frente. Estava seguro. Precisava viver outras coisas, além do mundo corporativo, intranet, gráficos, planilhas, relatórios. Precisava estar perto da vida, na sua essência e em toda sua primitividade, ainda que em alguns momentos estivesse muito claro: a internet seria vital.
Não pense você, caro leitor, que tudo isso foi apenas inspiração minha. Foi, com intenso brilho nos olhos, que informei a minha mulher: “Fui demitido, vamos percorrer a América do Sul”. Ela vinha de um período de sete anos como executiva de marketing em uma empresa de varejo. Assim como a conjuntura afetou a empresa onde eu trabalhava, a dela também foi desligada.
Tchau Chefe! Oi América do Sul
Éramos agora, dois desempregados “com um sonho na cabeça e o Google Maps na mão”. Ao me ouvir, ela reagiu de forma bastante positiva, considerava ser mesmo o momento ideal de respirar novos ares e de fato seria melhor buscar novos desafios na carreira. Ela apoiava totalmente minha decisão de fazer um período sabático, especialmente percorrendo a América do Sul, fundamentalmente pelas razões citadas anteriormente e que ela conhecia bem. Ela adora dirigir, ao fazer minha opção por percorrer a América do Sul de carro, esse foi um ponto positivo para ter a concordância dela, acima disso, ter a cumplicidade dela, além disso, contar com a companhia dela nessa aventura. Para ser franco, era exatamente o que eu esperava dela.
Experiências a serem vividas
O que é uma experiência? Vamos pensar nas nossas! Essa história não tem o presunçoso objetivo de ensinar os significados das palavras, mas, nesse caso, será importante para poder tentar descrever quais eram os verdadeiros sentimentos.
Na razão pra sair pelo mundo, acreditamos que o ser humano só se realiza quando transforma intenções em ações concretas, essa transformação é o ato de viver. Elas podem ser positivas ou negativas, mas se não forem vividas, então jamais saberemos e, assim, corre-se o risco de perder a oportunidade de aprender com as negativas ou de ser feliz com as positivas. Concordamos, a vida deve ser experimentada. Agarrar a chances de viver com todo o entusiasmo.
Ao decidir fazer um período sabático percorrendo a América do Sul, todos esses sentimentos de sentir, conhecer, provar, significavam a pura forma de viver, traduzidas em experiências consideradas como essenciais para a jornada aqui neste mundo.
A Decisão para a razão de sair pelo mundo
Após alguns diálogos sobre o que gostaríamos e deveríamos realizar, nos convencemos de que esse era o momento propício, e, talvez, em nenhum outro teríamos a certeza dessas mesmas oportunidades surgiriam em nossas vidas. Ao encontrar nosssa razão pra sair pelo mundo, descobrimos que o nosso desejo era por coisas bastante simples. Concluímos que todas essa coisas, para nós, tinham magníficos significados e deviam ser realizadas.
Alguns objetivos para sair pelo mundo
- Dirigir nas Serras do Corvo Branco e do Rio do Rastro,
- conhecer a Colônia Alemã em Pomerode,
- degustar as cervejas e doces de Blumenau, o churrasco Gaúcho, o assado Uruguaio e a Parrillada Argentina,
- Natal em Buenos Aires.
- Cruzar o Rio da Prata,
- Gastronomia Peruana.
- Passar o Revellon e comer Centolla em Ushuaia na Argentina.
- Degustar vinhos de diversas localidades, como os do Sul do Brasil, os uruguaios, chilenos e argentinos.
- Provar e entrar de vez na clássica discussão de qual a origem e o melhor pisco, o chileno ou o peruano.
- Cruzar o Estreito de Magalhães.
- Dirigir na Ruta Nacional 3 e na Ruta 40 na Argentina, na Carretera Austral no Chile e na Carretera Internacional Panamericana percorrendo toda a Costa do Pacífico.
- Caminhar em geleiras, montanhas e desertos.
- Entrar em selvas. Cozinhar e comer junto a natureza.
- Conhecer, se relacionar com as populações regionais e se inserir no cotidiano local.
- Realizar caminhadas de aventuras.
- Visitar, museus, construções e sítios arqueológicos e pontos históricos da cultura originária, povoação e colonização da América.
- Ver golfinhos, pinguins, baleias, pumas e a maior variedade de fauna e flora possíveis, eventualmente, trazer alguma representação artística ou artesanal da cultura local.
Esse é o início do Projeto América do Sul!