O Melhor de Shincal a Cafayate um pedaço do Norte Argentino
No trajeto de Shincal a Cafayate tudo é especial. O dia com céu aberto, um sol amarelado, despontando na Cordilheira dos Andes, invadia a estrada, vales e montanhas no trajeto para Cafayate, localizada na Província de Salta. Montes e picos coloridos surgiam, desapareciam e reapareciam altíssimos e numerosos. A vegetação rala, baixa e escassa contrastava com rosa, vermelho, chumbo, dourado, marrom, bege e o amarelo das montanhas e cânions, rapidamente foi desaparecendo em meio ao deserto árido, seco e frio.
Aqui nós veremos:
As impressionantes Ruínas de Shincal
As cidades ao longo da Ruta 40 no destino de Shincal a Cafayate lembram canteiros e jardins caprichosamente colocados ali. São pequenas, charmosas, modestas e, algumas vezes empoeiradas, ostentando nomes famosos, como Copacabana, Belém, Londres.
Nesta última estão as Ruínas de Shincal, repleta de cactos e rodeadas de montanhas pedregosas, aqui foi o nosso primeiro contato com a Civilização Quéchua, os Incas. Primeiramente, povoada pelos Diaguitas (conhecidos como Paziocas), foi anexada pelo Império Inca e depois dominada pela colonização espanhola, que trataram de despovoá-la, como estratégia de enfraquecimento da resistência local aos colonizadores.
Pra não dizer que não falei das flores
Elas vão se espalhando por aqui, ali e acolá, tomando conta de tudo, colorindo todos os espaços. As flores em Shincal são de rara beleza, são multicoloridas, com todos os formatos. Elas trazem delicadeza e sensibilidade para todo o entorno desse lugar sagrado.
O Caminho Vial Andino no trajeto de Shincal a Cafayate
Nas ruínas de Shincal passa o Caminho Vial Andino, conhecido Qhapaq Ñan (a pronúncia é “capaqui inham”), um sistema viário, construído pelo povo Quéchua, funcionava como um sistema de comunicação e integração, por onde o Inca, cargo equivalente ao de um rei, fazia suas ordens, políticas e leis chegar aos rincões do império, mantendo controle sobre os povos, terras, produções, rituais e costumes. No caso de Shincal a quase 3.000 Km de distância de Cuzco (Peru), capital do Império Inca. Era a internet do período incaico. As mensagens eram levadas por velozes corredores, os Chasquis, se revezando e passando de um para outro, em duplas, para caso um deles, por qualquer razão, não conseguisse seguir, o outro levaria a mensagem, assegurando seu destino e conteúdo. Eram os “e-mails’ da época da Idade Média da América do Sul. O trajeto de Shincal a Cafayate vai reservandos inúmeras deliciosas surpresas.
A cidade sagrada de Los Quilmes marca o caminho de Shincal a Cafayate
Não tardaria a chegarmos as ruínas da “Ciudad Sagrada de Los Quilmes”, uma cidade pré-inca, também dos povos Diaguitas, localizada no Vale Cachalqui, na Província de Tucumán, numa linda planície com vegetação baixa, basicamente cactos e muitas lhamas e cabras. Constantemente protegida pela imponente cordilheira e incrivelmente preservada, Quilmes guarda um patrimônio ancestral de valor incalculável. São construções de mais de 850 anos antes de Cristo, ruelas, monumentos, habitações, alojamentos, instalações religiosas e militares. Traços e vestígios de um cotidiano milenar.
A charmosa e bucólica Cafayate
Era de tarde na chegada à pequena e plana Cafayate. Na entrada da cidade, o camping Sindicato Luz Y Fuerza Salta, bem estruturado, com áreas protegidas para barracas, churrasqueiras, campo de futebol, piscina e até quadra de tênis. Um camping “cinco estrelas”, basicamente ocupado por viajantes e visitantes locais e alguns europeus. A passagem por Cafayate logo mostraria que a cidade tem uma boa oferta de hospedagem, para todos os gostos e bolsos, com acomodações charmosas e elegantes ao redor das montanhas, cada uma com ofertas distintas e preços impressionantes.
As “fincas” convidam ao ócio e ao prazer
Cafayate se destaca pela lindas fincas (fazendas) de vinho. A visita a alguma delas é, praticamente, obrigatória. Também há pequenos e charmosas propriedades que produzem produtos derivados de leite. Incluido leite de cabra, que para alguns pode ser considerado muito forte.
É a terra do Torrontés
Formada por fincas com infinitas plantações de uvas, com bodegas de produções do vinho Torrontés, se pronuncia Torrrrontês, e produção de queijo de cabra, proporcionam à toda parte uma beleza trivial, bucólica, mas muito charmosa e agradével. Um convite a passear, sem pressa e horário, até sem destino claramente definido, desacelerar, parar e ficar olhando o sol, as montanhas, as plantações, as pessoas. Tudo isso acompanhado do inseparável “Torrrrontês”.
O “agito’ do centro da cidade
Andando pela Plaza de Armas, no centro e imediações, as pessoas circulavam tranquilamente, com calma e sem afobação. Parecia que todos tinham todo o tempo do mundo. E nós também. A noite não demorou a chegar e os restaurantes ofereciam a saborosa comida e os bares convidam para um preguiçoso “happy hour”.
A paz cafayatenha
Toda a região é um convite a esperar calmamente o tempo passar. Na maioria das fincas vinícolas é possível encontrar áreas de relaxamento embaixo de árvores cheias de sombras e gramados macios. Uma das fincas mais procuradas é a Finca Las Nubes, produtora de um excelente vinho. Todo o entorno é arborizado, com uma aprazível visão da cidade.
Quebrada Las Conchas
Obras de arte produzidas pela natureza, a Quebrada Las Conhas é um mosaico de cores e formas que encanta e deslumbra a todos. Para chegar até elas, basta tomar a estrada com destino a Salta, em aproximadamente sete e dez quilômetros já é possivel ver as lídissimas formações. Em Cafayate tem passeios para as quebradas. Vale a pena visitar lugares como o Anfiteatro e Garganta do Diabo.
E para quem está de caminhonete
Para quem está viajando por terra de carro ou caminhonete, algumas informações:
- Para acessar a cidade a partir de Salta, a melhor opção é a RN 68 sentido sul, toda pavimentada e em excelentes condições.
- Para os que vão a partir das Províncias de Tucumán e Catamarca, é a RN 40 sentido Norte que apresenta vários pontos deteriorados próximos das divisas provinciais de Catamarca, Tucumán e Salta.
- O meu trajeto foi de Fiambalá, vindo de Copiapó-Chile pelo Paso San Francisco na Cordilheira dos Andes, passando por Tinogasta e acessando a Ruta 40. A estrada varia entre excelentes e péssimas condições. Em alguns trechos foi necessário sair da estrada e percorrer longos desvios.
- Sempre é possível encontrar postos de combustível nesses trajetos, a maioroa YPF, que tem também dieesel.
- Rede de assistências autorizadas das marcas mais tradicionais podem ser encontrada na cidade de Salta (+/- 200 Km de Cafayate).
- A revisão da nossa pickup foi feita na autorizada em Salta, com excelente atendimento e relação custo x benefício.
- Em Cafayate é possível encontrar assistência, mas não vi redes autorizadas.
- Em Cafayate, o trânsito é tranquilo e nas imediações da praça central havia opções razoáveis de lugar pra parar. Estacionamentos, propriamente, não vimos muitos.
As coisas mais legais …
Escolher dentre tantas coisas sensacionais, optar por apenas algumas não é uma tarefa fácil. As pessoas têm uma relação bastante emocional com cada uma das suas experiências, o que pode influenciar qualquer análise. Vamos lá:
- as paisagens são lindíssimas;
- as empanadas são imperdíveis;
- Cafayate é bem calma, tranquilas, ruas planas de fácil locomoção;
- encontramos 02 campings, sendo o Forza Y Luz bastante equipado e receptivo também para crianças;
- para qeum tem condições ha excelente ofertas de hospedagem chiques;
- vistar as fazendas, as ruínas e as montanhas são imperdíveis;
- o artesanato é incrível;
- tem que provar o vinho torrontés.
E as coisas que você tem que ficar esperto…
Escolher as coisas que você tem que ficar esperto é tão complicado, quanto indicar as melhores, pelos mesmos motivos. A ideia, muito mais que uma crítica é uma forma de alerta para as pessoas poderem se preparar melhor e desfrutar mais de cada experiência:
- com exceção das hospedagens mais chiques, a cidade é bastante simples, então quase tudo é bem limitado,
- O aeroporto mais perto é em SAlta a 200 Km e o traslado para CAfayate era entre R$ 400 e R$ 600,00 ida e volta.
- Na estrada, no trajeto sentido Fiambala a Cafayate, pela Rota 40, há trechos bem precários